“Um pouco de fôlego”. As comunidades irrigantes do Delta resumiram assim, em comunicado conjunto, o resultado da Comissão de Quitação realizada esta sexta-feira em Saragoça. As suas concessões de rega, que neste momento já se encontram nos 50%, não sofrerão para já nova redução, como vinha sendo apontado desde o momento em que o troço final do Ebro entrou em situação excecional devido à seca no passado dia 12 de maio Está garantido um caudal de 25 m3/s, repartido proporcionalmente entre os dois canais de rega, e que está disponível até ao início de agosto.
Há apenas uma semana, a Confederação Hidrográfica do Ebro (CHE) decretou a situação excepcional devido à seca extraordinária na unidade de Baix Ebre, que se estende de Mequinensa ao Delta. Com este decreto do órgão da bacia “dispararam-se os alarmes”, conforme refere a nota de imprensa, porque o comunicado “poderia levar a uma nova redução das concessões de rega, que já tinham caído para metade desde abril passado. E a preocupação difundida entre os agricultores sobre a ameaça de que colheitas que já se esperavam complicadas acabassem por se tornar inviáveis por falta de água”.
Os termos desta situação excepcional devido à seca extraordinária tiveram de ser especificados em nova Comissão de Albufeira realizada hoje. Na reunião foi informado que as concessões permanecerão em 50%. Tendo garantido pelo menos a situação atual, os regadores relatam que o plano de seca elaborado por cada comunidade de regadios para se ajustar à realidade, que serve para “procurar fórmulas para poder garantir colheitas apesar da redução das concessões”, teve como elemento-chave a data até a qual a água estaria garantida. Até agora, os irrigantes oscilavam entre dois cenários: o mais otimista que lhes dava água até 1º de agosto e o mais pessimista em que os canais estariam vazios em 1º de julho. Em nenhuma das duas o ciclo do arroz foi concluído, “mas parece que depois da reunião de hoje e com uma previsão realista, o calendário pode ser adiantado mais alguns dias”.
Com esta “certa trégua”, os irrigantes quiseram agradecer a sensibilidade do CHE e também do Departamento de Ação Climática da Generalitat por sua insistência de que é necessário garantir os fluxos ecológicos dos canais não apenas para chegar aos arrozais mas também pelo seu uso ambiental”. E o facto é que em zonas como o Delta, a falta de água para os arrozais põe em risco não só as colheitas como também a biodiversidade da zona”, recorda o comunicado de imprensa. No mesmo sentido, os irrigantes avaliaram positivamente o anúncio do CHE de coordenar com a Agência Catalã de Águas (ACA) a manutenção dos fluxos ecológicos, além do lançamento de um plano de monitoramento ambiental para controlar os usos não prioritários da água.
A atual Comissão de Descarga serviu para que os irrigantes conclamassem os demais usuários das represas a “apertar também os cintos” para garantir o abastecimento e proteger os fluxos ecológicos.